2. Prevenção e Controlo das Infecções (PCI) a nível da Unidade Sanitária
a)
O que é a prevenção e o controle de infecções?
A prevenção e o controle
de infecções é uma abordagem científica com soluções práticas projectadas para
evitarem danos causados por infecções a pacientes e profissionais de saúde
fundamentada em princípios de doenças infecciosas, epidemiologia, ciências
sociais, fortalecimento do sistema de saúde, e ancorados na segurança do
paciente e na qualidade dos serviços de saúde.
A Prevenção e Controle de Infecções (PCI) deve ser
uma actividade contínua realizada/apoiada pelo programa nacional e pelos pontos
focais locais/equipe/comité de PCI, pelos funcionários da alta administração
dos estabelecimentos de saúde e por todos os funcionários do estabelecimento.
b)
Benefícios da PCI
- Protegendo-se
- Protegendo seus pacientes
- Proteger sua família e a comunidade
c)
Objectivos da PCI na preparação de surtos
1. Reduzira transmissão
de infecções associadas a assistência a saúde
2. Melhorara segurança
dos funcionários, pacientes e visitantes
3. Aumentara capacidade
da organização/estabelecimento de saúde para responder a um surto
4. Baixar ou reduzir o
risco do próprio hospital (estabelecimento de saúde).
2.1. Factor de Risco
Ao interagirem com o
ambiente de trabalho, os profissionais da área de saúde correm o risco de se
submeterem a agentes patógenos dos mais variados que causam doenças. A presença
de riscos de infecções relacionados a diferentes variáveis epidemiológicas são
classificadas, principalmente, em três categorias: agentes, hospedeiro e actividade
ocupacional.
Os agentes referem-se à
análise do grau de virulência, toxicidade, dose infecciosa. Já o hospedeiro
refere-se à idade, género, raça, gravidez, imunidade, entre outros. No caso das
actividades ocupacionais, referem-se aos métodos, técnicas, qualidade dos
equipamentos e materiais de trabalho.
Pela natureza de suas
actividades, os profissionais da área de saúde precisam ter a consciência de
diminuírem os riscos aos materiais infecciosos como uma das principais formas
de reduzir a contaminação.
Esses profissionais são
vulneráveis, principalmente quando existe a falta de informações sobre as
medidas preventivas e de como preservar a saúde do trabalhador, deixando-os
conscientes de sua vulnerabilidade e que não devem ignorar os riscos aos quais
estão submetidos, aceitando e cumprindo as medidas de segurança e higiene no
trabalho. Da mesma forma, ainda nos dias atuais, faltam profissionais
qualificados, capazes de assumirem suas actividades plenamente, principalmente
aquelas mais complexas, sendo um dos principais factores que tornam essas pessoas
vulneráveis, levando-os a um alto nível de desgaste físico, mental e emocional,
ocasionando uma sobrecarga.
Os profissionais de saúde
são aqueles que mais estão submetidos aos riscos ocupacionais, seja por meio de
ferimentos, erupções e outras dermatoses. Também é o segmento da área de saúde
em que mais inexistem programas de imunização e estudos sobre as possibilidades
de exposição a riscos potenciais.
2.2. Plano de Prevenção e Controlo das Infecções
Os
Requisitos Mínimos de PCI devem estar disponíveis no local
Assim,
os requisitos mínimos representam o ponto de começo na viagem para construir um
programa PCI forte tanto a nível nacional como ao nível das estruturas e
deveriam ser implementados para todos os países e estabelecimentos de saúde, de
forma a apoiar progressos futuros para a total implementação de todos os
componentes essenciais.
Os requisitos mínimos são
definidos como:
Padrões
PCI que devem ser implementados a nível nacional e dos estabelecimentos de
saúde, de forma a fornecer protecção e segurança mínima para pacientes,
profissionais de saúde e visitantes, baseados nos componentes essenciais para
programas em PCI.
Componentes
Essenciais para programas de PCI eficazes em todos os contextos
•Os
programas eficazes de PCI devem basear-se na implementação de todos os
Componentes Essenciais
•Se
nenhum conhecimento, sistema, organização e recursos de PCI estiverem
disponíveis no local, é improvável que um país/estabelecimento possa responder
efetivamente a um surto
Plano
PCI: coordenação, planejamento e monitoramento em nível nacional
Etapa |
Ações a serem
executadas |
1 |
✔Ativar mecanismos de coordenação
multissetoriais e de múltiplos parceiros para apoiar a preparação e a
resposta ✔ Realizar uma avaliação inicial
da capacidade e análise de risco, incluindo o mapeamento de populações
vulneráveis ✔ Começar a estabelecer métricas e
sistemas de monitoramento e avaliação para analisar a eficácia e o impacto
das medidas planejadas |
2 |
✔Estabelecer uma equipe de
gerenciamento de incidentes, incluindo a rápida alocação do pessoal designado
de organizações nacionais e parceiras, em um Centro de Operações de
Emergência em Saúde Pública(COESP/ sigla em inglês PHEOC -Public Health
Emergency Operational Center) ou um equivalente, se disponível ✔Identificar, treinar e designar
porta-vozes ✔Envolver doadores locais e
programas existentes para mobilizar/alocar recurso se capacidades para
implementar um plano operacional ✔Revisar os requisitos regulamentar
e se a base legal de todas as possíveis medidas de saúde pública ✔Monitorar a implementação do
Plano Nacional de Preparação e Resposta/PNPR (CPRP-Preparedness and Response
Plan) com base nos principais indicadores de desempenho do PEPR-Plano
Estratégico de Preparação e Resposta (SPRP The Strategic Preparedness and
Response Plan) e produzir relatórios regulares da situação. |
3 |
✔ Realizar análises operacionais
regulares para avaliar o sucesso da implementação e da situação
epidemiológica, e ajustar os planos operacionais conforme necessário ✔ Realizar análises após a ação, de
acordo com as Regulamento Sanit ario
Internacional RSI (IHR International Health Regulations) (2005), conforme
necessário ✔ Utilisar o surto do COVID 19
para testar/aprender com os planos, sistemas e exercitar as lições aprendidas
para futuras atividades de preparação e resposta |
2.3. Medida de Controlo das Infecções
2.3.1. Medidas gerais de controlo de infecção
_ Higiene das mãos
_ Uso correto de avental
_ Medidas gerais de
higiene
_ Rotinas de isolamentos
e precauções
Ø
Lavar sempre as mãos:
o Após qualquer trabalho de
limpeza
o Ao verificar sujeira
visível nas mãos
o Antes e após utilizar o
banheiro
o Após tossir, espirrar ou assoar
o nariz
o Antes e após atender o
paciente
o Após o término do dia de
trabalho.
Ø
O álcool 70% pode
substituir a higiene das mãos?
Sim, mas apenas quando não houver sujidade
visível nas mãos. E para que ele tenha acção, deve ser friccionado por 30 segundos.
Evitar o uso de jóias;
elas são possíveis fontes de germes. Alguns estudos têm demonstrado o crescimento
persistente de bacilos gram-negativos na pele subjacente aos anéis.
_ Não sentar no leito do
doente; pode-se carregar germes para casa ou deixar os próprios no leito do doente.
Ø LUVAS
_ Quando devemos utilizar
luvas?
_ Quando houver a
possibilidade de entrar em contacto com secreções (sangue, fezes, urina,
secreções)
Manter os cabelos
compridos presos durante o manuseio do doente.
Manter o avental sempre
abotoado; sua finalidade é a própria protecção; funciona como uma barreira,
isolando os germes da comunidade dos germes hospitalares.
Ø USO DO AVENTAL
o Para equipe que presta
atendimento directo ao paciente
o O avental deverá ser
individual de cada membro da equipe
o Nos casos de germes multirresistentes,
um avental próprio para cada paciente, que deverá ser utilizado apenas para o
seu manuseio directo, ficando à beira do leito.
o Para a mãe que vai
amamentar o seu recém-nascido, desprezando-o após o seu uso; em berçário é
recomendado ter um avental à beira de cada leito.
o O avental de mangas
longas é recomendado quando existe o risco de contaminação (precauções padrão e
outras); este avental deverá ser individualizado por paciente.
o O avental de mangas
longas estéril está recomendado nos procedimentos invasivos cirúrgicos, devendo
ser desprezado após o uso.
o Para visitantes de
pacientes em isolamento protector, este deve ser de mangas longas.
o Mais do que o uso do avental, em todas as
situações deve ser reforçada a higiene das mãos.
o Os visitantes, em geral,
não necessitam de avental, desde que orientados sobre a higiene das mãos e não
tenham contacto directo com sangue e secreções dos pacientes.
o O avental utilizado em áreas críticas não deve
ser levado para outras áreas hospitalares.
o O uso do avental é proibido durante as refeições
ou fora do hospital.
2.3.2. Pacientes transferidos
Ao receber o paciente
vindo de outro serviço, verificar:
Se o paciente vier com sonda vesical, retirá-la
e realizar um novo cateterismo.
Não há validade em se cultivar ponta de sonda
vesical.
Em caso de urina turva ou paciente sintomático,
é importante realizar uma cultura de urina já na entrada.
Se o paciente vier com
algum acesso venoso, central ou periférico, realizar uma nova punção. Só depois
de garantido o novo acesso, é que se removerá o antigo.
Apenas em caso de febre e acesso venoso
central, é que está indicado o cultivo da ponta do cateter.
Se o paciente tiver sido
operado e ainda estiver com curativos, retirar as coberturas e realizar um novo
curativo. Havendo secreção, colher material para cultura.
Se o paciente veio de UTI, colher swab nasal para
pesquisa de MRSA e secreção traqueal para pesquisa de multirresistentes, mantendo-o
em "quarentena", ou seja, em precauções de contacto, até resultado
negativo.
Caso venha com alguma
secreção, todo paciente deverá ser mantido em precauções de contacto até
segunda ordem e ter colhida cultura para identificação do agente.
2.4. Competências de
comissão de controlo das infecções hospitalares (CCIH)
A CCIH, dentro de uma
unidade hospitalar, e de fundamental relevância, pois traz consigo o cuidado
para a prevenção e controle de infecção, tanto para o corpo clinico quanto para
o cliente.
Sabe-se que são muito
importantes os procedimentos adequados como medidas de protecção para o
controle de infecção, pois um pequeno erro pode ocasionar um grave problema. A
Instituição Hospitalar tem o dever participar do Programa de Controle de Infecção
Hospitalar (PCIH), pois ela notifica, capacita e supervisiona os profissionais
da instituição, elaborando, e actualizando procedimentos.
2.4.1. Competências
para CCIH
Competência é a
integração e a coordenação de um conjunto de conhecimentos, capacidades
(habilidades) e comprometimento (atitudes) que na sua manifestação produzem uma
actuação diferenciada. As principais competências para o controle de infecção:
1. Realizar uma abordagem
epidemiológica da infecção hospitalar e seus factores de risco, identificando
tendências e surtos, através de uma busca activa de casos, consolidando
relatórios, empregando estatística e informática para gerar as informações para
as acções de prevenção e controle de infecções, subsidiando as actividades de
planeamento em serviços de saúde.
2. Conhecer os
microrganismos identificados em casos de infecção hospitalar e sua cadeia
epidemiológica, reconhecer e controlar seus mecanismos de resistência aos
antibióticos e germicidas. Como empregar estas drogas para prevenção e
tratamento das infecções hospitalares, dificultando o desenvolvimento de
pressão selectiva. Utilizar os métodos adequados de esterilização, desinfecção
e anti-sepsia aplicados em artigos, superfícies e nos pacientes.
3. Diagnosticar, prevenir
e tratar as infecções hospitalares, aprimorando as acções dos profissionais de
saúde. Difundir a higiene das mãos e as medidas de precauções para bloquear a
transmissão cruzada de microrganismos.
4. Reconhecer as
interfaces de todos os sectores de apoio nas acções de prevenção e controle de
infecções. Empregar os princípios de hotelaria hospitalar para a humanização da
assistência e redução do risco de contaminação ambiental. Ampliar a abordagem
epidemiológica para outras adversidades da assistência à saúde, aprimorando a
gestão de risco e segurança do paciente.
5. Aplicar os princípios
de gestão dos serviços de saúde para aprimorar a qualidade da assistência,
integrando aspectos éticos, legais, económicos, sociais, ecológicos, históricos
e políticos. Utilizar conceitos básicos de marketing para difundir práticas
voltadas à prevenção e controle de infecções.
6. Compreender o
comportamento dos profissionais de saúde e o emprego das evidências científicas
para elaboração de estratégias educativas que aprimorem o exercício
profissional. Fazer a gestão das actividades de prevenção e controle das
infecções hospitalares, particularmente o trabalho em equipe.
7. Difundir os princípios
da prevenção e controle de infecção em todas as suas interfaces na área de
saúde, promovendo a saúde da colectividade em vários cenários assistenciais.
Desenvolver essas
competências é meu compromisso profissional, desde o início da minha carreira.
Neste site informo todas as acções que participo ou recomendo.
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